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Opinião – SINIPRF-BRASIL – Tão importante assim!

Inspetor PRF Maurício Carvalho Maia
Inspetor PRF Maurício Carvalho Maia

Em reação aos desmandos do “acordo” promovido pelo sistema sindical estadual e federativo, colocamos a opinião de alguns Inspetores (as).

Por: Inspetor PRF Maurício Carvalho Maia

Os que me conhecem sabem que sou idealista nato, acredito nas pessoas, nas ideias, nas instituições, na vida. Sobretudo acredito em Deus, autor da vida, e n’Ele podemos todas as coisas, nada temeremos. Como disse o Príncipe Daniel quando foi levado cativo juntamente com o seu povo para Babilônia, odiados e perseguidos, Daniel diz num ímpeto de fé e com voz profética, num cenário de caos: “É Ele quem muda o tempo e as suas estações; é Ele quem estabelece os Reis e os destitui; é Ele quem dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes”.

Nesse móvel de confiança, participei desde os tenros dias quando ingressei na PRF, ainda ligada ao DNER, de lutas libertárias em nome do interesse coletivo, do engrandecimento da corporação, do respeito e da dignidade dos colegas, desprovidos da vaidade pessoal, do salto alto, dos antagonismos, revestidos de coragem para lutar em prol do bem comum. E assim tenho pautado a minha vida até hoje.

Na trilha desta luta sindical participo ininterruptamente desde o momento histórico mais importante da PRF que foi a missão nacional para arrecadação de assinaturas visando a sua sobrevivência, feito exitoso que culminou com o seu ingresso na Constituição Federal, no capítulo da Segurança Pública, artigo 144. A inclusão no Ministério da Justiça, a criação do DPRF, a organização e formação do primeiro sindicato, o Sindicato Nacional dos Policiais Rodoviários Federais.

Passei pelo sindicato estadual, pela federação e ao término desse tempo de grandes e indeléveis vitórias, qualquer um pode ver, é só pesquisar os anais, considerava que a minha missão já estava cumprida. Quando me preparava pra ir pra casa, meus companheiros, visionários e idealistas como eu, percebendo que o sindicalismo que criamos fundamentado no sacrifício e no interesse coletivo, enveredava-se por outras trilhas.

Diante disso, concitaram-me a recomeçarmos o caminho, infelizmente para representarmos aqueles que lá atrás, com suas lágrimas, suor e sangue – sim, sangue, pois muitos tombaram na caminhada – fossem ouvidos, tivessem vez e voz. Pois, ao invés do reconhecimento devido, eram preteridos, menosprezados, com o intuito vívido de bani-los do cenário para que os seus espaços fossem ocupados por esses “sindicalistas”, tal era a sede inescrupulosa de poder que os possuía.

Embora estivesse convencido da necessidade da criação do Sindicato Nacional dos Inspetores da Polícia Rodoviária Federal do Brasil, não tinha ideia que íamos ser tão importantes assim. Ao ponto de ser convocada uma operação padrão, depois uma greve, enfrentamento dos poderes constituído do Estado, causar inúmeros transtornos a população, expor a grande risco a instituição. Fazer muita gente bem intencionada, inclusive muitos Inspetores, de massa de manobra, só para prejudicar este sindicato pequenino e tentar extingui-lo do mapa, não só o sindicato, mas todos os inspetores. Sinceramente, nunca ia imaginar uma coisa dessas. Mas foi o que essa gente fez.

Cegos, afetados pela miopia do ódio, assinam um acordo excluindo a classe de Inspetores sem consultá-la, sepultando um resgate histórico de décadas. Induzem o Governo a esse erro terrível. Aceitam um reajuste muito aquém das perdas verificadas principalmente pelos Inspetores que na primeira negociação em 2006 tiveram que abrir mão de seus direitos – ficaram com seus salários congelados de 1998 a 2006 – para permitir um nivelamento por baixo a fim de não perder a negociação. Se não fosse a transformação do cargo em nível superior, uma grande conquista, bandeira que foi levantada como prioridade pelo SINIPRF-BRASIL quando da sua criação, veementemente criticado na época por eles, esse acordo com cheiro de terrorismo seria um fracasso total.

Com tantas coisas pra fazer, muitas ainda a ser conquistada, a luta pra deixar de ser a polícia de segunda categoria, o patinho feio do Ministério da Justiça, esses “sindicalistas” mostraram verdadeiro descaso por essas causas e revelaram a outra face, do poder pelo poder, denegação da história, interesses pessoais acima do coletivo, retrocesso. Apagar das memórias das pessoas, como se isso fosse possível, os feitos daqueles que de acordo com o seu tempo e espaço fizeram o melhor que podiam para garantir a existência da Corporação até os dias de hoje. As conquistas que hoje se vê, foram sonhadas e consolidadas no passado. E o resto do sonho está comprometido no futuro, pois aqueles que querem ter a responsabilidade de gerir os rumos da PRF não os reconhecem por ciúmes e devaneios infantis.

As sucessivas derrotas no Judiciário mostram a robustez do SINIPRF-BRASIL. Mas, ao invés de aceitarem as regras de um Estado de Direito onde a lei dirime os conflitos e estabelece a paz e a ordem, recrudesceram, incitam e deixam um rastro de desmandos, orgulho, prepotência. Será que esse amargor é fundamentado na anarquia, viver devoluto, aversão à hierarquia?  É, pode ser! Não é de hoje que denunciamos vivermos uma crise de autoridade no seio da Instituição. Não se tem um regimento interno, algo que o valha. Viva “a casa da mãe Joana”!

Pedimos a todos os Inspetores, que vejam o que essa gente fez. Tiraram- lhes o nome e os chamam de “especial”. Vamos nos mobilizar e exigir que devolvam aquilo que nos tiraram. Denunciar às autoridades o retrocesso que foi empurrado goela abaixo. Comunicar aos Parlamentares o ocorrido e pedir a eles que revertam essa situação vexatória e covarde no Ministério da Justiça, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Casa Civil e Congresso Nacional.

O SINIPRF-BRASIL está fazendo sua parte ao recorrer a todos os meios necessários para reverter esse Golpe covarde. O Executivo já mandou o PL 4371/2012 para o Congresso Nacional, tornando ainda mais difícil a luta. Não vamos desistir. Nada foi fácil pra nós. Tudo que fizemos foi com muito trabalho. Fácil está sendo pra essa gente inescrupulosa desmanchar tudo aquilo que levamos vários anos pra construir. Vamos lutar, não vamos deixar que nos parem!

Maurício Carvalho Maia
Presidente do SINIPRF-BRASIL