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PRF flagra 277 casos de exploração de menores em rodovias

Nos últimos 12 meses, a Polícia Rodoviária Federal flagrou 277 adultos explorando sexualmente crianças e adolescentes nas rodovias do País. A informação foi divulgada pelo inspetor Giovanni di Mambro, coordenador-geral de Operações da Polícia Rodoviária. Ele participou nesta terça-feira de audiência pública promovida pela CPI que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes.

O inspetor destacou o mapeamento divulgado pela Polícia Rodoviária sobre os locais onde podem acontecer mais facilmente a exploração sexual de menores. De acordo com di Mambro, existem 1.776 pontos vulneráveis nas estradas brasileiras. Nesses lugares, falta iluminação, existem adultos se prostituindo, não tem vigilância privada e há consumo de bebida alcoólica. Nos pontos considerados vulneráveis, há casos de exploração sexual de crianças confirmados e outros sobre os quais existem apenas denúncias.

Com base nesse mapeamento, a Polícia Rodoviária passa a fazer rondas mais constantes no local ou abre uma investigação sobre o possível crime. De acordo com Giovanni di Mambro, desde que o levantamento começou a ser feito, em 2003, já houve mudanças para melhor. “Um posto de abastecimento, que não tinha iluminação, iluminou. Um estabelecimento comercial que vendia bebida alcoólica não vende mais. Essa mudança de padrão que a gente tem verificado”, relatou o inspetor.

Internet

O delegado Delano Cerqueira Bunn, chefe da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, destacou a necessidade de a polícia ter acesso, com mais rapidez, aos dados cadastrais das pessoas que cometem crimes contra os direitos humanos pela internet – inclusive a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Delano Bunn fez uma comparação entre as cartas que são enviadas e recebidas pelos Correios e a correspondência virtual, que acontece pela rede de computadores. Ele disse que quando só existiam as cartas pelos Correios, a Polícia Federal podia investigar, rapidamente, as informações sobre a postagem da correspondência, a data do recebimento, o destinário e o remetente – mas o sigilo do conteúdo da carta era mantido.

O delegado reclamou que os provedores da internet se negam a fornecer os dados cadastrais à autoridade policial. Delano Bunn explicou que a Polícia Federal tem que recorrer à Justiça para obter essas informações. Com isso, o tempo médio entre a data do conhecimento da violação dos direitos humanos até a data em que os provedores fornecem as informações é de aproximadamente 120 dias.


Maior agilidade

A relatora da CPI, deputada Liliam Sá (PSD-RJ), concorda que é necessário dar maior agilidade para a polícia investigar os abusos contra menores na internet. Ela citou o exemplo de um site com imagens de crianças sendo exploradas sexualmente.

“Eu peguei fotos de crianças sendo abusadas, eles oferecendo crianças: se você quer uma japonesa, se você quer uma latina. Então havia vários perfis de crianças. Isso também podia ser uma linha de investigação no desaparecimento de crianças, porque se tem crianças encomendadas. Por exemplo, no Rio de Janeiro, desapareceram muitas meninas de 7 a 12 anos de idade, que são casos enigmáticos, não sabemos onde foram parar essas meninas. Talvez sejam encomendadas para essa rede de exploração de crianças e adolescentes para prostituição e para pedofilia.”

As denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas por qualquer pessoa pelo Disque 100. O coordenador do serviço, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pedro Ferreira, afirmou que, de janeiro a abril de 2012, aumentou em 71% o número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes em relação ao mesmo período de 2011. A maior parte das denúncias é de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Reportagem – Renata Tôrres/Rádio Câmara
Edição – Maria Clarice Dias